Aos estudantes do Pr-e-Golpe Militar

Estudantes puros,
Idealistas,
Sonhando com a justiça social com flores "nas mãos"
Amor no coração,
E no entanto a reação veio
Com as pistolas nas mãos!
Foi uma grande geração!
Meus respeitos a todos,
Mortos,
Vivos
Torturados ou não!

O manifesto estudantil publicado em março de 1964

A URE (união Renovadora Estudantil), partido político estudantil, filiado à FESNI (Federação dos Estudantes Secundários De Niterói), presidida por Emanuel Sader, e vinculada à UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundários), esta presidida por luís Sérgio Rosa Lopes, veio manisfestar através do seguinte manifesto abaixo, suas posições para a população niteroiense:
1. Que apoia o congelamento das anuidades escolares, contra os "tubarões-de-ensino" das escolas particulares;
2. Que apoia as reformas de base do presidente Jango;
3. Que apoia a reforma agrária pregada por Francisco Julião e as Ligas Camponesas;
4. Que apoia a nacionalização da indústria farmacêutica, dos Bancos e o fim da remessa de lucros para o exterior;
5. Que apoia a greve estudantil e os piquetes grevistas

obs: Os autores que assinaram o manifesto foram: Aires de Ataíde Barbosa, Carlos Portelli e Sérgio Lopes.
Os mesmos não sofreram maiores represálias porque eram maiores de idade e de famílias influentes, aliás, a repressão sob o comando de famosos "dedos-duros" estavam mais preocupados em sumir com líderes universitários, na UFE, presidia o diretório dos universitários o futuro deputado estadual José Augusto Pereira das Neves, ligado à ação católica popular. As sedes da UFE, UBES, URE, e FESNI, ficavam no centro de Niterói, no mesmo andar e prédio do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Nesta época o único colégio que não foi fechado pelos grevistas foi o Plínio Leite, que colocou capangas armados nas portas. Convém lembrar que hoje em dia bilhões de dólares são remetidos ao exterior.

Linhas Duras

Torturas e mortes
Coisas banais
Para homens carnais
Torturas e mortes
Feitas com dor
Pelo magnífico ditador
Até quando aguentar?
Para nossos filhos libertarmos
Desses corvos estarvos!
O povo grita não
Contra a ditadura
Contra a revolução
Queremos apenas viver
E ficarmos felizes só em ver
Pequenos pedaços de nós
Crescer
Chega de seita
E revolução
Deixe-me quieto em minha oração
Apenas preciso de minha religião
Cansei de opressão
Chega de revolução
Ditadura!?
Cansei de linhas duras...

Obs: Poema feito pelo jovem estudante e neto querido João Pedro Rangel Diniz.

Ninguém

Vê?
Vê? Ninguém assistiu a sua última deduragem!
Vê?
Ninguém assistiu as torturas sob a indicação do seu dedo polegar, com quatro dedos apontados contra você...
Vê?
Ninguém assistiu a sua última deduragem!
Vê?
Hoje te passas por democrático, revolucionário!
Vê?
Ninguém assistiu aos seus crimes!
Vê?
Hoje em partido socialista, tu militas!
Vê?
Ninguém assistiu sua traição!
Ninguém viu?
Ninguém

O relatório "Y", Peponni, a Eco-92, Pitangui eo futebol de areia na Prai De Icaraí

Pedro Henrique Matos, meu primo por parte de mãe, era filho do Tio Clóvis, um flamenguista, boa pessoa e a favor do golpe militar de 1964. Era dono da Construtora Guanabara e fez muitos prédios em Niterói, eu era um dos poucos sobrinhos esquerdistas( eram 15, aproximadamente) que tinha o privilégio de normalmente tomar com ele na sua casa a tradicional "sopa da meia-noite". Sua esposa Nelhi era católica, uma santa, que frequentava a Igreja Porciúncula De Santana como Irmã Franciscana.
Já o Peponni era ligado ao PCB de Niterói, e amante do Jazz, sendo profundo conhecedor da música e seus autores. Falava que os instrumentos conversavam entre si. Casou com Sônia, filha do jornalista Ari Coelho, diretor da editora Abril, era fotógrafo premiado internacionalmente pela Revista Quatro Rodas, sendo amigo do doutor Ivo Pitangui, publicando com ele o livro "Eco-92".
Quando estavam assistindo com amigos um jogo de futebol de areia na Praia De Icaraí entre Santa Tereza e Flamenguinho, falou-nos que tinha uma bomba. Nesta época brilhavam no futebol de areia futuros craques do futebol profissional como Gérson, Roberto e Jardel, dentre outros, pois os prefeitos não eram demagogos como por exemplo o prefeito Jorge Roberto Silveira e eram realmente autênticos.
O fato é que Peponni conseguiu um arquivo do SMI com o nome de agentes e informantes niteroienses que chamamos de "Arquivo Y".
O citado arquivo foi parar nas mãos de dirigentes do PCB, nomes como o de Luís Antônio Pimentel, Luís Rosas e outros eram bisbilhotados, infelizmente não conseguimos tirar fotocópias do mesmo por questão de segurança, pois o dirigente Rodolfo do PCB ponderou isto. Caso o Peponni não tivesse morrido, com certeza eu conseguiria uma cópia do citado arquivo, e o nome de muitos pseudo-esquerdistas atuais constariam e seriam publicados. O Bazuni era um dos informantes.