Rua Francisco Dutra, uma rua política

A rua Francisco Dutra, antes travessa teve seu nome mudado devido à especulação imobiliária na época do prefeito Jorge Roberto Silveira, o grande traidor local dos ideais brizolistas. Até a década de 60, os jovens tiveram uma infância baseada em jogos de futebol de rua, tacos de rua, bola de gude, pular carniça, esconde-esconde, bem como de soltar cafifas (termo só usado em Niterói para soltar pipas). Existia a guarda noturna, que com seus apitos tomavam conta de uma cidade pacífica e ordeira. Nela, mesmo após o golpe de 1964, intelectuais socialistas, como o filósofo Nelson Farias, que morava na rua Francisco Dutra, no número 96, no bairro de Jardim Icaraí, vivia harmonicamente com o líder maçom, que residia no número 104 da mesma rua. O delegado Péricles Gonçalves também morava na mesma rua, e mesmo tendo feito um curso de especialização no FBI, nos EUA, na época da ditadura militar. Vivia também harmonicamente com os demais vizinhos, à par das ideologias, pois tudo formava uma grande família cujos filhos foram criados juntos. No número 30 da Francisco Dutra, moravam uns bolivianos que todos desconfiavam serem foragidos da ditadura local, porém com o tempo, soubemos que estudavam em Niterói e eram parentes de funcionários da embaixada boliviana. Foram eles que em uma festa junina falaram que Che Guevara, o médico cubano que exportava a revolução, teria sido morto pelos Rangers (tropa de elite treinada pelos EUA) bolivianos devido à deduragem de camponeses pelos quais ele tanto lutava. No início não acreditamos muito nisto, porém com o tempo a história mostrou a veracidade das suas palavras.
Na mesma rua, jogava futebol com aqueles reis do conjunto MPB4, o filho do deputado caçado e torturado, segundo comentários, o Dr. Geraldo Reis, que era casado com Dona Marta, fundadora da Associação Fluminense de Reabilitação. Desta rua saiu também o estudante Paulo Roberto, que foi preso com José Dirceu no Congresso Estudantil da Bahia, sob a escolta do agente do DOPS apelidado de Brucutu, que teria se recusado a torturar o futuro chefe do mensalão e também traidor dos ideais socialistas.
Com a expeculação imobiliária, famílias foram desestruturadas, chegando até acontecer um caso de suicídio devido ao desgosto e mortes prematuras pelas mesmas motivações.
Mesmo no auge da repressão política, os moradores da Francisco Dutra se mantiveram unidos debaixo de um respeito político recíproco. Certa vez, o desembargador Braga Landes, deu voz de prisão à uma guarnição da Polícia Militar, que espancava um passante pobre que estava sem documentos, pois na ditadura  em Niterói, aconteceram muitas barbaridades que com o tempo, tornaríamos públicas e conforme foi dito no início do blog, o objetivo desta publicação é tornar pública muita coisa escondida sob o silêncio covarde de muita gente.