Meu amigo e jornalista Maurício Hill e outros dados ditatoriais ocorridos em Niterói

 Oriundo do jornal Última Hora, fechado pela ditadura, o jornalista Maurício Hill ficou meu amigo durante a ditadura. Estudando a noite no colégio Corrêa D'avila, em Icaraí, recomendei via carta de recomendação a colega Nelly, que queria estagiar no jornal A Tribuna, onde se conheceu Maurício e posteriormente se casaram. Sendo jovem, ficava admirado com a coragem do Maurício, enfurecido ao ver o agente do Movimento Anti-Comunista "Joaquim Metralha", com listas para serem entregues ao DOPS. Para ninguém ler os nomes das pessoas, ele colocava em cima da mesa uma pistola Parabello.
 O movimento Anti-Comunista em Niterói era financiado com verba direta da Central de Inteligência Americana. O Maurício Hill, ao contrário de muitos, não respondia aos raros comprimentos do Joaquim, que frequentava as relações jornalistas de Niterói, em uma bajulação total por parte de muita gente.
 Metralha mentia dizendo ser do SNI, sendo na verdade íntimo do conhecido agente do SNI Thalles Boto, que sendo sobrinho ou parente direto do almirante Pena Boto, não me lembro ao certo, que nos seus 2 metros de altura dava respaldo as suas fanforrices. Joaquim Metralha foi fuzilado devido a problemas passionais no seu sítio, de joelhos e segundo comentários, implorando pela vida.
 Quem possuia o arquivo político em Niterói seria o Thalles, que não seria ingênuo a ponto de deixá-los fora da guarda no órgão secreto. O resto é provável fantasia popular. Certa vez, estando com Maurício Hill na leiteria Brasil, no centro da cidade, presenciei o Joaquim Metralha ser preso por um oficial do exército por o ter ofendido.
 Maurício enquanto vivo fez parte daquele grupo de jornalistas intelectuais que sempre combateram a ditadura e nunca compactuaram de alguma forma com os agentes da ditadura. Nunca ocupou cargos em meios de comunicação oficial, continuou sendo um excelente cronista também do tipo Nelson Rodrigues e pagou o preço pela sua coerência política.